Amar-te-ia se viesses agora
ou inclinasses
o teu rosto sobre o meu tão puro
e tão perdido,
ó vida.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
my HEARTBEATS
Don't you know that I'll be around to guide you
Through your weakest moments to leave them behind you
Returning nightmares only shadows
We'll cast some light and you'll be alright for now
Through your weakest moments to leave them behind you
Returning nightmares only shadows
We'll cast some light and you'll be alright for now
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
queria(-te)
Para JARDIM te queria.
Te queria para GUME
ou o FRIO das espadas.
Te queria para LUME.
Para ORVALHO te queria
sobre as horas transtornadas.
Para a BOCA te queria.
Te queria para ENTRAR
e partir pela cintura.
Para BARCO te queria.
Te queria para ser
canção breve, CHAMA PURA.
Eugénio de Andrade
Te queria para GUME
ou o FRIO das espadas.
Te queria para LUME.
Para ORVALHO te queria
sobre as horas transtornadas.
Para a BOCA te queria.
Te queria para ENTRAR
e partir pela cintura.
Para BARCO te queria.
Te queria para ser
canção breve, CHAMA PURA.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
BRAILE
Leio o amor no livro
da tua pele; demoro-me em cada
sílaba, no sulco macio
das vogais, num breve obstáculo
de consoantes, em que os meus dedos
penetram, até chegarem
ao fundo dos sentidos. Desfolho
as páginas que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio de um roçar
de palavras que se
juntam, como corpos, no abraço
de cada frase. E chego ao fim
para voltar ao princípio, decorando
o que já sei, e é sempre novo
quando o leio na tua pele.
Nuno Júdice
da tua pele; demoro-me em cada
sílaba, no sulco macio
das vogais, num breve obstáculo
de consoantes, em que os meus dedos
penetram, até chegarem
ao fundo dos sentidos. Desfolho
as páginas que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio de um roçar
de palavras que se
juntam, como corpos, no abraço
de cada frase. E chego ao fim
para voltar ao princípio, decorando
o que já sei, e é sempre novo
quando o leio na tua pele.
Nuno Júdice
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Will you just look at me?
There are some mornings when the sky looks like a road
There are some dragons who were built to have and hold
And some machines are dropped from great heights lovingly
and some great bellies ache with many bumblebees
(and they sting so terribly)
Joanna Newsom
There are some dragons who were built to have and hold
And some machines are dropped from great heights lovingly
and some great bellies ache with many bumblebees
(and they sting so terribly)
Joanna Newsom
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
ADIVINHA
Que é, o que é?
Tem cara de santo
Tem cheiro de santo
Tem força de santo
Mas santo não é!
Ninguém adivinha?
Não sabe o que é?
Tem artes do diabo
Tem manhas do diabo
Tem tudo do diabo
Mas diabo não é!
- Tem cara de santo...
Tem cheiro de santo...
Tem tudo do diabo
Mas diabo não é?
Deus não me perdoe
Um raio me cegue
O diabo me leve
Si não for muié!
Martins d'Alvarez
Tem cara de santo
Tem cheiro de santo
Tem força de santo
Mas santo não é!
Ninguém adivinha?
Não sabe o que é?
Tem artes do diabo
Tem manhas do diabo
Tem tudo do diabo
Mas diabo não é!
- Tem cara de santo...
Tem cheiro de santo...
Tem tudo do diabo
Mas diabo não é?
Deus não me perdoe
Um raio me cegue
O diabo me leve
Si não for muié!
Martins d'Alvarez
domingo, 22 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
as coisas mais simples
Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.
Nuno Júdice
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.
Nuno Júdice
terça-feira, 17 de novembro de 2009
TO KEEP YOU SATISFIED
Things have gotten closer to the sun
And I've done things in small doses
So don't think that I'm pushing you away
When you're the one that I've kept closest.
The Xx
And I've done things in small doses
So don't think that I'm pushing you away
When you're the one that I've kept closest.
The Xx
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
NOVO DIA
Estou aqui construindo o novo dia
com uma expressão tão branda e descuidada
que dir-se-ia
não estar fazendo nada.
E, contudo, estou aqui construindo o novo dia.
Porque o dia constrói-se; não se espera.
Não é sol que deflagre num improviso de luz.
É um orfeão de vozes surdas, um arfar de troncos nus,
o erguer, a uma só voz, dos remos da galera.
António Gedeão
com uma expressão tão branda e descuidada
que dir-se-ia
não estar fazendo nada.
E, contudo, estou aqui construindo o novo dia.
Porque o dia constrói-se; não se espera.
Não é sol que deflagre num improviso de luz.
É um orfeão de vozes surdas, um arfar de troncos nus,
o erguer, a uma só voz, dos remos da galera.
António Gedeão
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
ABRAÇO
Abraço o vento e piso uma poça de água
com pequenas gotículas de sonhos desfeitos em
matérias embriagadas.
SE VOCê FOSSE UMA ESTRELA FICARIA CADENTE ETERNAMENTE?
Agarro numa vontade física e entro no quarto da força
recompensada.
Já venho!
Miguel Nascimento
in Botas de pêlo, Corpo de seda
com pequenas gotículas de sonhos desfeitos em
matérias embriagadas.
SE VOCê FOSSE UMA ESTRELA FICARIA CADENTE ETERNAMENTE?
Agarro numa vontade física e entro no quarto da força
recompensada.
Já venho!
Miguel Nascimento
in Botas de pêlo, Corpo de seda
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
CHUVA APAIXONADA
E eu desejaria levantar-me levemente
sobre as paisagens que se enchem de chuva
apaixonada.
Desejaria estar em cima, no meio da alegria,
e abrir os dedos tão devagar que ninguém sentisse
a melancolia da minha inocência.
Herberto Helder
sobre as paisagens que se enchem de chuva
apaixonada.
Desejaria estar em cima, no meio da alegria,
e abrir os dedos tão devagar que ninguém sentisse
a melancolia da minha inocência.
Herberto Helder
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
QUEBRA-TE!
PARTE-TE contra a parede,
Coração que ninguém quer!
Alma com fome e com sede
Só do que não pode haver.
O que te há-de suceder?
Cai no lixo e fica lá,
Anseio que és somente
De ir buscar o que não há
Onde os não hás não são gente!
QUEBRA-TE, coisa que sente!
Fernando Pessoa
Coração que ninguém quer!
Alma com fome e com sede
Só do que não pode haver.
O que te há-de suceder?
Cai no lixo e fica lá,
Anseio que és somente
De ir buscar o que não há
Onde os não hás não são gente!
QUEBRA-TE, coisa que sente!
Fernando Pessoa
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Sou fácil de definir
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isso com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Alberto Caeiro
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isso com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Alberto Caeiro
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
esqueceste?
mas tu esqueceste muita coisa.
esqueceste que as minhas pernas cresceram
que todo o meu corpo cresceu
e até o meu coração ficou enorme...
(...)
eu saí da moldura
e dei às aves os meus olhos a beber.
Eugénio de Andrade
excerto do poema Poema à mãe
esqueceste que as minhas pernas cresceram
que todo o meu corpo cresceu
e até o meu coração ficou enorme...
(...)
eu saí da moldura
e dei às aves os meus olhos a beber.
Eugénio de Andrade
excerto do poema Poema à mãe
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Espantosa realidade das coisas
A espantosa realidade das coisa
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícl explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta
Basta existir para se ser completo.
Alberto Caeiro
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícl explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta
Basta existir para se ser completo.
Alberto Caeiro
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
FAZ
Quanto faças, supremamente faze.
Mais vale, se a memória é quanto temos,
Lembrar muito que pouco.
E se o muito no pouco te é possível,
Mais ampla liberdade de lembrança
Te tornará dono.
Ricardo Reis
Mais vale, se a memória é quanto temos,
Lembrar muito que pouco.
E se o muito no pouco te é possível,
Mais ampla liberdade de lembrança
Te tornará dono.
Ricardo Reis
COISA SIMPLES
Tua morte, como todas as outras, foi simples.
É coisa simples a morte. Dói, depois sossega.
Vinícius de Moraes
É coisa simples a morte. Dói, depois sossega.
Vinícius de Moraes
terça-feira, 3 de novembro de 2009
mãos sujas de restos de amor
foi com as mãos sujas de restos de amor que estiquei uma madrugada. quando digo a palavra madrugada também sinto um esticão no coração. se agora abuso muito das madrugadas é porque cada uma delas tem restos de amor que eu sempre vou perdendo [...] a palvra amor pode ser um labirinto com mais de catorze lados avessos. depois de esticar uma madrugada encosto a madrugada na minha pele e espero. a pele gosta de ser esculpida de novo muitas vezes na vida.
Ondjaki
in Materiais para confecção de um espanador de tristezas
Ondjaki
in Materiais para confecção de um espanador de tristezas
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