Não te chamo para te conhecer
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento
Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser
Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite
Sophia de Mello Breyner
in Tempo Dividido
segunda-feira, 25 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Triângulo
Parecia uma boa relação triangular:
Eu gostava de ti
E de mim.
Eu gostava de ti como só se gosta
pela primeira vez: como se cada vez
fosse a ultima vez.
Eu gostava de ti e da maneira como tu,
lendo por cima do meu ombro, sabias dizer:
Sim, senhor, que bem que escreves,
disso sabes tu, mas deixa-me ver.
E gostava de mim, ah como gostava
de mim depois disso, e que bom que era
ser eu próprio
nos teus braços.
Herman de Koninck
Eu gostava de ti
E de mim.
Eu gostava de ti como só se gosta
pela primeira vez: como se cada vez
fosse a ultima vez.
Eu gostava de ti e da maneira como tu,
lendo por cima do meu ombro, sabias dizer:
Sim, senhor, que bem que escreves,
disso sabes tu, mas deixa-me ver.
E gostava de mim, ah como gostava
de mim depois disso, e que bom que era
ser eu próprio
nos teus braços.
Herman de Koninck
segunda-feira, 11 de abril de 2011
As minhas mãos.
As minhas mãos mantêm as estrelas,
Seguro a minha alma para que se não quebre
A melodia que vai de flor em flor,
Arranco o mar do mar e ponho-o em mim
E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas.
Sophia de Mello Breyner
in Obra Poética
Seguro a minha alma para que se não quebre
A melodia que vai de flor em flor,
Arranco o mar do mar e ponho-o em mim
E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas.
Sophia de Mello Breyner
in Obra Poética
domingo, 10 de abril de 2011
Segundo nascimento
Quando o barco rolar na escuridão fechada
Estarás perdida no interior da noite no respirar do mar
Porque esta é a vigília de um segundo nascimento
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto
Sophia de Mello Breyner
excerto do poema Ítaca in Obra Poética
Estarás perdida no interior da noite no respirar do mar
Porque esta é a vigília de um segundo nascimento
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto
Sophia de Mello Breyner
excerto do poema Ítaca in Obra Poética
domingo, 3 de abril de 2011
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