sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
sábado, 8 de outubro de 2011
Eu procuro a verdade
Dentro de um livro fechado
Dentro do próprio silêncio
Sonho apenas sonhado
Silêncio apenas sonhado
Silêncio apenas silêncio
Nasci neste mundo para não te compreender
E perder, perder, perder, sempre...
Nasci neste mundo para nunca te ter...
O fim do céu,
O fim do céu...
O fim da alma e da
Eternidade
Fim do sentido do silêncio
e das palavras...
Eu procuro a verdade
Mas não sei se existe
Como pode existir
Aquilo que nunca viste
O fim do fim,
O fim do fim...
José Luís Peixoto
Dentro do próprio silêncio
Sonho apenas sonhado
Silêncio apenas sonhado
Silêncio apenas silêncio
Nasci neste mundo para não te compreender
E perder, perder, perder, sempre...
Nasci neste mundo para nunca te ter...
O fim do céu,
O fim do céu...
O fim da alma e da
Eternidade
Fim do sentido do silêncio
e das palavras...
Eu procuro a verdade
Mas não sei se existe
Como pode existir
Aquilo que nunca viste
O fim do fim,
O fim do fim...
José Luís Peixoto
domingo, 2 de outubro de 2011
Sei muito bem...
(...)
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
Mário Cesariny
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
Mário Cesariny
sábado, 27 de agosto de 2011
O que tem que ser....será!
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem menos esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu esperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem menos esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu esperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Eu quero...
Eu quero apenas amar-te lentamente
Como se todo o tempo fosse nosso
Como se todo o tempo fosse pouco
Como se nem sequer houvesse tempo.
Joaquim Pessoa
Como se todo o tempo fosse nosso
Como se todo o tempo fosse pouco
Como se nem sequer houvesse tempo.
Joaquim Pessoa
sábado, 23 de julho de 2011
SEMPRE A COMEÇAR
É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! … Seria pois necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir?
Eça de Queiroz
in O Primo Basílio
Eça de Queiroz
in O Primo Basílio
sábado, 16 de julho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
sábado, 11 de junho de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
VIII
Não te chamo para te conhecer
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento
Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser
Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite
Sophia de Mello Breyner
in Tempo Dividido
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento
Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser
Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite
Sophia de Mello Breyner
in Tempo Dividido
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Triângulo
Parecia uma boa relação triangular:
Eu gostava de ti
E de mim.
Eu gostava de ti como só se gosta
pela primeira vez: como se cada vez
fosse a ultima vez.
Eu gostava de ti e da maneira como tu,
lendo por cima do meu ombro, sabias dizer:
Sim, senhor, que bem que escreves,
disso sabes tu, mas deixa-me ver.
E gostava de mim, ah como gostava
de mim depois disso, e que bom que era
ser eu próprio
nos teus braços.
Herman de Koninck
Eu gostava de ti
E de mim.
Eu gostava de ti como só se gosta
pela primeira vez: como se cada vez
fosse a ultima vez.
Eu gostava de ti e da maneira como tu,
lendo por cima do meu ombro, sabias dizer:
Sim, senhor, que bem que escreves,
disso sabes tu, mas deixa-me ver.
E gostava de mim, ah como gostava
de mim depois disso, e que bom que era
ser eu próprio
nos teus braços.
Herman de Koninck
segunda-feira, 11 de abril de 2011
As minhas mãos.
As minhas mãos mantêm as estrelas,
Seguro a minha alma para que se não quebre
A melodia que vai de flor em flor,
Arranco o mar do mar e ponho-o em mim
E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas.
Sophia de Mello Breyner
in Obra Poética
Seguro a minha alma para que se não quebre
A melodia que vai de flor em flor,
Arranco o mar do mar e ponho-o em mim
E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas.
Sophia de Mello Breyner
in Obra Poética
domingo, 10 de abril de 2011
Segundo nascimento
Quando o barco rolar na escuridão fechada
Estarás perdida no interior da noite no respirar do mar
Porque esta é a vigília de um segundo nascimento
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto
Sophia de Mello Breyner
excerto do poema Ítaca in Obra Poética
Estarás perdida no interior da noite no respirar do mar
Porque esta é a vigília de um segundo nascimento
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto
Sophia de Mello Breyner
excerto do poema Ítaca in Obra Poética
domingo, 3 de abril de 2011
sábado, 26 de março de 2011
Porque pertenço...
Porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
E conhecem o abismo pedra a pedra, anémona a anémona, flor a flor.
(…)
Porque pertenço à raça daqueles que percorrem o labirinto,
Sem jamais perderem o fio de linho da palavra
Sophia de Mello Breyner Andersen
excerto do poema O Minotauro
E conhecem o abismo pedra a pedra, anémona a anémona, flor a flor.
(…)
Porque pertenço à raça daqueles que percorrem o labirinto,
Sem jamais perderem o fio de linho da palavra
Sophia de Mello Breyner Andersen
excerto do poema O Minotauro
segunda-feira, 21 de março de 2011
DIA PURO
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
DIAS FELIZES
Os dias felizes
Estão entre as árvores como os pássaros: viajam nas nuvens, correm nas águas, desmancham-se na areia.
Todas as palavras são inúteis, desde que se olha para o céu.
A doçura maior da vida flui na luz do sol, quando se está em silêncio.
Cecília Meireles
excerto de poema in mar absoluto e outros poemas
Estão entre as árvores como os pássaros: viajam nas nuvens, correm nas águas, desmancham-se na areia.
Todas as palavras são inúteis, desde que se olha para o céu.
A doçura maior da vida flui na luz do sol, quando se está em silêncio.
Cecília Meireles
excerto de poema in mar absoluto e outros poemas
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
domingo, 20 de fevereiro de 2011
esperando...
sou um pássaro fugaz
inquieto
esperando a vez do novo ser
e olhando a chuva
em mim me deito
raiz, semente
pessoa
por acontecer.
Ondjaki
inquieto
esperando a vez do novo ser
e olhando a chuva
em mim me deito
raiz, semente
pessoa
por acontecer.
Ondjaki
sábado, 19 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
luz diferente
Certas manhãs trazem uma luz diferente.
Um ar de primavera, um pássaro que entrou
por uma fresta do telhado, e anda às
voltas na escada, uma voz que se ouve, num eco,
e não se sabe o que diz. A manhã irá passar,
como todas as manhãs que nasceram,
trazendo uma luz diferente; mas a primavera
que ela anuncia colou-se ao rosto com quem
nos cruzamos; o canto do pássaro meteu-se
na cabeça, como se ele voasse por dentro
da memória; e o eco que ouvi ganhou
uma voz na tua boca, quando te encontrei
e me disseste que havia uma luz diferente,
nesta manhã em que tudo parecia igual.
Nuno Júdice
Um ar de primavera, um pássaro que entrou
por uma fresta do telhado, e anda às
voltas na escada, uma voz que se ouve, num eco,
e não se sabe o que diz. A manhã irá passar,
como todas as manhãs que nasceram,
trazendo uma luz diferente; mas a primavera
que ela anuncia colou-se ao rosto com quem
nos cruzamos; o canto do pássaro meteu-se
na cabeça, como se ele voasse por dentro
da memória; e o eco que ouvi ganhou
uma voz na tua boca, quando te encontrei
e me disseste que havia uma luz diferente,
nesta manhã em que tudo parecia igual.
Nuno Júdice
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
o vento foi manso
fui a vela, o mastro,
o remo do dia.
em mim naveguei
não na calma
pretendida
mas no mar aleatório que se impôs.
rumo solto
em solto rum,
pirata em mim
vi nitidamente em que porto
adormecer.
e se meu barco, revolto,
me não levasse já, lá,
então em sonhos eu seguiria.
mas o vento foi manso
a água esteira
certeira
para o porto em que ainda repouso.
cheguei.
Ondjaki
in Acto Sanguíneo
o remo do dia.
em mim naveguei
não na calma
pretendida
mas no mar aleatório que se impôs.
rumo solto
em solto rum,
pirata em mim
vi nitidamente em que porto
adormecer.
e se meu barco, revolto,
me não levasse já, lá,
então em sonhos eu seguiria.
mas o vento foi manso
a água esteira
certeira
para o porto em que ainda repouso.
cheguei.
Ondjaki
in Acto Sanguíneo
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
tu poderias...voltar a acontecer
se olhando o céu
na cortina cinzenta de cada árvore
eu te pudesse alcançar,
cada sonho meu chamar-se-ia dia
e eu de noite não mais
cerraria os olhos
nem saberia pedir a pálpebra alguma
que se deitasse noutra.
se num sopro astral – ou pequeno –
eu um salto desse,
tomaria por espada um destes galhos
e pediria à morte para matar o tempo
ao contrário.
e na bruma cinzenta de cada árvore
tu poderias – sorriso manso –
voltar a acontecer.
Ondjaki
in Acto Sanguíneo
na cortina cinzenta de cada árvore
eu te pudesse alcançar,
cada sonho meu chamar-se-ia dia
e eu de noite não mais
cerraria os olhos
nem saberia pedir a pálpebra alguma
que se deitasse noutra.
se num sopro astral – ou pequeno –
eu um salto desse,
tomaria por espada um destes galhos
e pediria à morte para matar o tempo
ao contrário.
e na bruma cinzenta de cada árvore
tu poderias – sorriso manso –
voltar a acontecer.
Ondjaki
in Acto Sanguíneo
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Minha noite redonda
quero reaprender o amor na respiração das tuas mãos
quero-me sentado nas pálpebras quietas do teu olhar.
quero me goiabar em ti, caroço e casca, verme e moço,
seiva e corpo.
tu - minha noite redonda
minha madrugada mulata.
Ondjaki
in Dentro de mim faz Sul
quero-me sentado nas pálpebras quietas do teu olhar.
quero me goiabar em ti, caroço e casca, verme e moço,
seiva e corpo.
tu - minha noite redonda
minha madrugada mulata.
Ondjaki
in Dentro de mim faz Sul
domingo, 23 de janeiro de 2011
Loucura
A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana.
Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal.
Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco.
Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido.
Ter consciência dela e ela ser grande é ser génio.
Fernando Pessoa
Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal.
Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco.
Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido.
Ter consciência dela e ela ser grande é ser génio.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Até amanhã
Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade
in Até amanhã
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade
in Até amanhã
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Um dia
Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um vôo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um vôo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Venha o que vier!
Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.
Fernando Pessoa
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
d i a r i a m e n t e
Estou diariamente à tua espera
como quem espera um astro pela noite
Defino-te em segredos
Revejo-te em memória
Invejo-te
Construo a tua boca sem palavras
Construo este silêncio em que me prendo.
João Rui de Sousa
como quem espera um astro pela noite
Defino-te em segredos
Revejo-te em memória
Invejo-te
Construo a tua boca sem palavras
Construo este silêncio em que me prendo.
João Rui de Sousa
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