Não tardará a chegar ao fim
este Agosto que te viu passar
com a luz a teus pés.
Somos eternos, dizias.
Eu pensava antes na danação da alma
ao faltar-lhe o alimento que lhe trazias.
Agora a cidade
vive do peso incomensuravelmente morto
dos dias sem a tua presença.
Deixo a mão correr sobre o papel
tentanto captar o eco de uma palavra, um sinal,
e quem em qualquer parte cintila,
e confia ao vento o segredo da nossa tão precária eternidade.
Eugénio de Andrade
domingo, 14 de novembro de 2010
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