Para atravessar contigo o deserto do mundo,
para enfrentarmos juntos o terror da morte,
para ver a verdade, para perder o medo,
ao lado dos teus passos caminhei.
Por ti, deixei meu reino meu segredo,
minha rápida noite, meu silêncio,
minha pérola redonda e seu oriente,
meu espelho, minha vida, minha imagem,
e abandonei os jardins do paraíso.
Cá fora, à luz sem véu do dia duro,
sem os espelhos vi que estava nua
e ao descampado se chamava tempo.
Por isso, com teus gestos me vestiste
e aprendi a viver em pleno vento…
Sophia de Mello Breyner
domingo, 12 de dezembro de 2010
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