sábado, 26 de fevereiro de 2011

DIAS FELIZES

Os dias felizes
Estão entre as árvores como os pássaros: viajam nas nuvens, correm nas águas, desmancham-se na areia.
Todas as palavras são inúteis, desde que se olha para o céu.
A doçura maior da vida flui na luz do sol, quando se está em silêncio.

Cecília Meireles
excerto de poema in mar absoluto e outros poemas

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

domingo, 20 de fevereiro de 2011

There's an empty space inside my heart where the wings take root

esperando...

sou um pássaro fugaz
inquieto
esperando a vez do novo ser

e olhando a chuva
em mim me deito

raiz, semente
pessoa
por acontecer.

Ondjaki

sábado, 19 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

luz diferente

Certas manhãs trazem uma luz diferente.
Um ar de primavera, um pássaro que entrou
por uma fresta do telhado, e anda às
voltas na escada, uma voz que se ouve, num eco,
e não se sabe o que diz. A manhã irá passar,
como todas as manhãs que nasceram,
trazendo uma luz diferente; mas a primavera
que ela anuncia colou-se ao rosto com quem
nos cruzamos; o canto do pássaro meteu-se
na cabeça, como se ele voasse por dentro
da memória; e o eco que ouvi ganhou
uma voz na tua boca, quando te encontrei
e me disseste que havia uma luz diferente,
nesta manhã em que tudo parecia igual.

Nuno Júdice

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

o vento foi manso

fui a vela, o mastro,
o remo do dia.
em mim naveguei
não na calma
pretendida
mas no mar aleatório que se impôs.
rumo solto
em solto rum,
pirata em mim
vi nitidamente em que porto
adormecer.
e se meu barco, revolto,
me não levasse já, lá,
então em sonhos eu seguiria.
mas o vento foi manso
a água esteira
certeira
para o porto em que ainda repouso.

cheguei.

Ondjaki
in Acto Sanguíneo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

tu poderias...voltar a acontecer

se olhando o céu
na cortina cinzenta de cada árvore
eu te pudesse alcançar,
cada sonho meu chamar-se-ia dia
e eu de noite não mais
cerraria os olhos
nem saberia pedir a pálpebra alguma
que se deitasse noutra.
se num sopro astral – ou pequeno –
eu um salto desse,
tomaria por espada um destes galhos
e pediria à morte para matar o tempo
ao contrário.

e na bruma cinzenta de cada árvore
tu poderias – sorriso manso –
voltar a acontecer.


Ondjaki
in Acto Sanguíneo

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Minha noite redonda

quero reaprender o amor na respiração das tuas mãos

quero-me sentado nas pálpebras quietas do teu olhar.
quero me goiabar em ti, caroço e casca, verme e moço,
seiva e corpo.

tu - minha noite redonda

minha madrugada mulata.

Ondjaki
in Dentro de mim faz Sul